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terça-feira, 1 de junho de 2010

A DOENÇA FORA DO CORPO

Hoje, no quadro de uma sociedade de consumo onde impera o Indivíduo Consumidor, parece tarefa quase impossível imaginar a saúde e a doença fora do(s) corpo (s)do(s) individuo(s).

Doenças parecem inseparáveis de doentes. Elas são generalizadamente vistas como disfunções dos corpos ou das mentes humanas; a saúde, por sua vez, é entendida como o restabelecimento possível das funções afetadas, sendo que o espaço corpóreo mental é concebido como único palco onde todo o drama da saúde doença acontece.

Os corpos/mentes são vistos segundo o modelo do castelo medieval. Porisso preservar a segurança (saúde) do castelo implica seja em expulsar dele toda a sujeira, a impureza, a deslealdade, enfim a doença – o equivalente da cura - seja em impedir, por meio de toda sorte de anteparos – o equivalente da prevenção – que o Mal atinja o castelo.

Fora do “castelo” não há mais saúde/doença, apenas o ambiente ou meio ambiente, potencialmente hostil, a ser controlado e vigiado para que não ameace a segurança do castelo.

Na realidade, para entender e enfrentar adequadamente a doença e encontrar a saúde é preciso fugir do modelo do castelo.
Fugindo deste modelo vamos ter que entender que, para a saude/doença, não deve existir o “dentro” e o “fora” do corpo/mente: tudo está “dentro”; ademais que o homem não está no meio ambiente mas é parte integrante deste.

Se pensarmos na Aids, por exemplo, não estaríamos jogando nossas culpas individuais e coletivas nas “costas” do virus, buscando bombardeá-lo com todos nossos canhões (tecnologia) para expulsá-lo de nossos “castelos” e impedir que, de fora, eles nos voltem a ameaçar ?

Nossos corpos e mentes quando adoecidos são, muito mais do que se imagina, vítimas de nós mesmos, de nossas escolhas como individuos e coletividades e não dos bichos, da poluição, do stress, do destino, do acaso e das demais “externalidades” que inventamos para nos desresponsabilizar.

A (verdadeira) Promoção da Saúde consiste então na dolorosa questão e na corajosa resposta para pergunta: o que existe em nós que gera doença?