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sábado, 10 de abril de 2010

ATENDER, PREVENIR E PROMOVER:TRÊS MODOS BASICOS DE ENFRENTAR A DOENÇA

Não entrando, por enquanto, no mérito do que vem a ser doença, há, basicamente três modos de enfrentar a doença, individual ou coletiva: assistência à doença, prevenção da doença e promoção da saúde.

Muito sinteticamente, assistir ou atender à doença implica atacar uma doença instalada buscando remove-la, no todo ou em parte, dos corpos/mentes individuais ou coletivos.

prevenir a doença implica a criação de vários tipos de barreiras que impedem que a doença atinja os corpos e mentes individuais ou coletivas.

Promover a saúde, por sua vez,implica enfrentar as doenças atacando-as em si mesmas, ou seja, fora dos corpos e mentes individuais e coletivas, nas suas causas mais básicas que estão na raiz de seu surgimento.

Fica claro então, entre outras coisas, que a assistência ou o atendimento e a prevenção não geram saúde na medida em que apenas afastam a doença dos corpos e mentes individuais e coletivas, a doença em si mesma não sendo atingida.

Importantes conseqüências derivam desta constatação:

1. O atendimento e a prevenção tem como objeto os doentes; a promoção tem como objeto as doenças;

2. Doenças são coisas que acontecem nos corpos e nas mentes humanas mas que são geradas fora deles, mesmo no caso das assim chamadas doenças genéticas (ainda que aí haja campo para polêmica).

Sobram disso, entre outras, as seguintes perguntas, que deixo para a reflexão dos leitores:

· Porque, no mundo atual, os doentes são largamente privilegiados em detrimentos das doenças?

· Que conseqüências podemos tirar do fato de que as doenças, na medida em que são majoritariamente enfrentadas pela assistência e prevenção, continuam existindo no mundo e no meio ambiente?

Volto ao tema em outros blogs mas, por enquanto, o leitor encontra uma reflexão sobre o tema, entre outros, em nosso livro Promoção da Saúde como Negação da Negação (encontrável em www.livrariaresposta.com.br)

4 comentários:

  1. Entendo que a Promoção da Saúde é algo que está além dos sintomas. Não basta tratar uma “doença” sem nunca atuar no cerne do problema, naquilo que está provocando a “doença”. Promover Saúde é antecipar os problemas, é pensar em ambientes saudáveis, em vida saudável. Mas, o que temos hoje, como lógica hegemônica, é a medicalização, o ataque direto à “doença”, sem pensar no entorno, no complexo social, nos sujeitos que compõe este complexo de relações. Por isso, acredito que o atendimento e a prevenção estão tendo como objeto, única e exclusivamente, a doença e não o doente (como ser integral); e que a Promoção de Saúde deve se ocupar do doente (sujeito social afetado por doenças que ele mesmo produz em suas relações “doentias” – sociedade pós moderna).
    No caso da tuberculose, toda a lógica do programa de controle é completamente voltado para a doença (nº de casos, nº de mortes, nº de curas, nº de abandonos de tratamento, etc.). Creio que o paciente, como ser social, de relações, com dificuldades, resistências, etc., nunca foi levado em consideração dentro de todos estes números. O objetivo do programa é “Controlar a Doença”, e como não conseguem, nomeiam a mesma de Doença Negligenciada. Penso que, na verdade, são Doentes ou Pessoas Negligenciadas; e que o foco deve sair da doença, e ir para o doente (Promoção).

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  2. Entendo seu raciocinio e concordo com teus propositos mas, pensando dialeticamente, podemos ver que sem doenças (enfoque da promoção) nao haverá mais doentes

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  3. Completando...
    É claro que o que queremos (ou deveríamos querer)é o menos possível de doença em doentes; e se enfrentarmos as causas básicas do adoecer teríamos isso: o menos possível de sofrimento humano.
    O enfoque individualizado no doente numa sociedade de consumidores tende a transformar a doença em pretexto para o consumo de bens e serviços porque o que importa ai nao é o doente mas o consumo permanente de mercadorias. De sorte que neste esquema nao há nenhum interesse no enfrentamento da doença porque isso desmontaria o mecanismo do consumo permanente

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