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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

IpDsc Pesquisa Qualiquantitativa R.Cristiano Viana 937- São Paulo www.ipdsc.com.br O DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO SUPERAÇÃO DOS IMPASSES NO PROCESSAMENTO DE RESPOSTAS A QUESTÕES ABERTAS Fernando Lefevre Ana Maria Cavalcanti Lefevre São Paulo Junho de 2006 O Discurso do Sujeito Coletivo é uma técnica que busca resolver os impasses que o pesquisador encontra quando deseja processar depoimentos em pesquisas qualitativas que usam questionários com perguntas abertas. De fato, quando se realiza uma pesquisa com questões abertas e se deseja obter como resultado final representações sociais ou opiniões coletivas de grupos ou categorias de indivíduos vivendo em sociedades, seria preciso, de alguma forma, metodologicamente, transformar os depoimentos individuais, que são as respostas às questões abertas de questionários, em representações coletivas. Seria preciso, em suma, somar depoimentos e obter desta soma resultados que sejam formalmente compatíveis com as opiniões individuais, ou seja, que também sejam depoimentos discursivos. A forma que se encontrou para resolver este problema foi a chamada “categorização de respostas”, que consiste em analisar o sentido das respostas às questões abertas, atribuir um sentido a cada resposta e agrupar numa categoria inclusiva as respostas de mesmo sentido. Assim fazendo, a categoria inclusiva passa a ser a expressão da soma das respostas/depoimentos; além disso, cada depoimento incluído na categoria passa a equivaler a um elemento de um conjunto e todos os elementos do conjunto tornam-se idênticos. Ora, tal “solução” confere à esta expressão coletiva das opiniões uma forma que privilegia acentuadamente a dimensão quantitativa do problema em detrimento da dimensão qualitativa. Com efeito, com a categorização, a dimensão qualitativa da opinião coletiva fica reduzida à fórmula lingüística, sempre mais ou menos sintética, sob a qual costuma aparecer a categoria; já a dimensão quantitativa fica hipertrofiada uma vez que os diferentes conteúdos e tonalidades que cada resposta individual confere à opinião coletiva semelhante desaparecem na medida em que, segundo a lógica matemática de categorização, todos os elementos de um conjunto, no caso, as respostas individuais, devem ser iguais para que possam ser somados. A técnica do Discurso do Sujeito Coletivo representa uma proposta de solução para estes impasses: com ela busca-se respeitar a natureza da matéria processante que é a opinião, promovendo uma categorização não apenas matemática mas também discursiva. Na categorização discursiva operada pelo DSC o caráter sintético da categoria tem a função não de resgatar e expressar o sentido completo do pensamento coletivo mas apenas o de servir como nome ou rótulo que permite separar um conjunto do outro. No DSC, também, os elementos do conjunto, ou seja os conteúdos das respostas individuais, não se anulam já que o objetivo não é apenas produzir uma soma matemática mas também um discurso coletivo que veicule um sentido, um posicionamento, uma opinião onde o colorido e os matizes que cada depoimento individual confere a esta opinião coletiva estejam preservados. A dimensão quantitativa da opinião por sua vez, não se faz, como na categorização, em detrimento da dimensão qualitativa mas em integração com esta já que, no DSC, ela diz respeito à quantidade de indivíduos ou respostas que contribuíram para a confecção de cada Discurso do Sujeito Coletivo. Um DSC reúne sob uma única Categoria, diferentes conteúdos e argumentos que compõe uma mesma opinião, ou uma opinião que é compartilhada por um conjunto de pessoas. Estes diferentes conteúdos e argumentos podem ser reunidos num discurso só porque tal discurso diz respeito, basicamente, à mesma Idéia ou Opinião. Segundo várias teorias sociológicas, notadamente a Teoria da Representação Social (1) os indivíduos que vivem numa mesma sociedade ou em sociedades semelhantes pensam com base em um conjunto de Representações Sociais ou Matrizes Discursivas comuns; mas apesar ou além disso, introduzem conteúdos e argumentos diferenciados nestes pensamentos comuns. Por este motivo, buscando respeitar o comum e o diferente é que temos no DSC o igual e o diferente, ou seja a mesma opinião dita de modos distintos, mas complementares. Referências 1. JODELET D. (org). Les représentations sociales. Paris, PUF, 1989.

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